No início do ano de 2011, Soraya e eu, Solange começamos nossa
vida acadêmica, ela para Ciências Biológicas e eu Letras Português, na
Universidade Vale do Acaraú, mais conhecida como: UVA. As aulas eram ministradas
aos sábados, das 08:00 às 17:00 horas, ou seja o dia todo com muitas informações, provas, trabalhos individuais e
em grupos, seminários e ainda várias atividades para serem desenvolvidas
durante toda a semana...
·Muitas
pessoas acreditam que estudar apenas aos sábados é moleza, (ENGANAM-SE)
Eu, desde antes começar o curso desejava fazer
meu TCC incluindo a pessoa albina, mas como amadora não sabia nem por onde
iniciar nem tão pouco prosseguir...
(Soraya da mesma forma, tinha o mesmo anseio).
Pensando longe, cheguei a fazer um curso de Oratória no SENAC, em fevereiro e
março de 2012, mas a minha apresentação em 12/03, teve como tema: ALBINISMO HUMANO.
A cada nova disciplina perguntava aos professores se
incluir esse tema era possível na área
de letras, muitos responderam, NÃO, outros falavam que teriam que fazer uma
pesquisa antes, e ainda houve alguns que perguntaram se já tinha algo na área
de Português... Enfim... Foi luta...
Em 2012, descobri o livro: ESCOLHI SER ALBINO de ROBERTO
RILLO BÍSCARO, mas só comprei a autobiografia em 2013, o li, e tornei a
perguntar aos professores se era possível incluir tal tema em minha área,
novamente NÃO eu ouvi...
Em novembro de 2013, nossa professora informou que iria
ser nossa orientadora no TCC, dai meu coração palpitou forte, Ana
Carolina Souza, a qual nunca tinha feito a pergunta sobre a
minha tão sonhada pesquisa. Em dezembro ela pediu que durante o recesso (NÃO
TÍNHAMOS FÉRIAS, POIS AS AULAS ERAM AOS SÁBADOS), pesquisássemos tudo o que
encontrássemos referente ao tema que desejávamos, assim eu fiz, internet, o
livro de Roberto que já estava lido, marcado, e tudo mais que consegui.
No segundo sábado de janeiro de 2014, retornamos as
aulas, Carol,(carinhosamente assim conhecida entre os alunos), perguntou se
tínhamos pesquisado, e claro que levei tudo que encontrei, “com uma
insegurança” e medo de ouvir mais um não, ela olhou todo material que a turma
levou e eu resolvi que olhasse o meu
material por último.
Chegando a minha carteira Carol olhou tudo minuciosamente, depois leu o livro
PEDRINHO O MENINO ALBINO da autora Patrícia Prado e as orelhas ( SÃO
AQUELAS “ORELHAS” FORMADAS PELA CAPA, EM QUE SE COSTUMA ESCREVER ELEMENTOS
SOBRE O LIVRO COMO CURTAS BIOGRAFIAS DO AUTOR OU EXTRATOS, PARA AGUÇAR A
CURIOSIDADE DAQUELES QUE OS FOLHEIAIM EM LIVRARIAS E FICAM TENTADOS A COMPRÁ-LO
PELO POUCO QUE SE LEU EM SUA ORELHAS) da biografia de Roberto, e imediatamente
falou: Dá para fazer sim seu trabalho, mas não será muito fácil para você
Solange, pois quase não há assuntos a respeitos do tema, vamos incluir a pessoa
albina na literatura, pois será algo “inédito”, com isso pediu que eu pensasse
no tema e iniciasse a introdução do mesmo. Nossa, foi uma emoção e tanto... A
cada sábado Carol olhava o desenvolvimento do trabalho e orientava o que
deveria levar para próxima aula...
Sinceramente, amei fazê-lo, ela não descartava nada que eu levara, o trabalho
foi elaborado com sucesso e tranquilidade...
No dia 12 de abril do mesmo ano, foi o grande dia, a
apresentação do trabalho, Carol falou que eu não “levantasse a bandeira”, isto
é, que não me envolvesse, ou usasse termos na primeira pessoa, assim o fiz,
fiquei nervosa ao apresenta-lo confesso que até chorei, mas consegui, tirei um
DEZ 10, foi excelente!
· Soraya
não conseguiu fazer o seu TCC referente ao albinismo, pois a orientadora da
turma dela “obrigou” os alunos a seguirem por um caminho bem diferente ao
desejado, a mesma gostaria que os alunos fizessem os trabalhos referentes aos
temas do tipo: Dessalinização das águas, reciclagem do lixo, reaproveitamento
dos alimentos... Tudo para facilitar as orientações sem que precisasse fazer
grandes pesquisas...
Depois de concluir meu
curso, desejei prosseguir divulgando o assunto PESSOA ALBINA, e a inclusão da
mesma na Literatura, então foi ai que recorri a Carol mais uma vez para me
reorientar, ou melhor, como eu poderia publicar o trabalho já elaborado, com isso
ela me deu umas dicas, dai surgiu o CENTEDI, (Congresso Internacional de
Educação e Inclusão), o qual o trabalho foi aceito no GT-13
(DIREITOS HUMANOS,
DIVERSIDADE E EDUCAÇÃO: FORMAÇÃO, CURRÍCULO, METODOLOGIAS E PRÁTICAS EDUCATIVAS),
quando apresentado, dia 03 de dezembro de 2014, os participantes fizeram muitas
indagações a respeito do tema e das pessoas albinas, pois todos eram leigos em
relação ao assunto abordado.
Enfim, desejo prosseguir
incluindo as pessoas albinas nas minhas atividades acadêmicas, pois ainda tenho
outra graduação a concluir, Letras Espanhol e quem sabe se amplio ainda mais
esse tema.
VEJAM:
A AUTO ACEITAÇÃO NO
COTIDIANO DOS “FILHOS DA LUA”: UMA ANÁLISE DO SER DIFERENTE NA OBRA ESCOLHI SER
ALBINO, DE ROBERTO RILLO BÍSCARO.
RESUMO: O presente artigo
leva-nos a uma das características mais marcantes da literatura, a mimeses,
essa necessidade eminentemente humana de transcriar, representar, transcender
realidades pela palavra, pela imagem dos textos; dessa forma, espera-se que as
mais variadas identidades de sujeitos sejam espelhadas pela literatura. No
entanto, observamos a ausência de pessoas albinas como personagens em narrativas
e poéticas, entre outras manifestações literárias. O objetivo desse trabalho
torna-se, portanto, redimensionar as pessoas albinas, até o momento na
“invisibilidade” literária e promover a inclusão de obras com esse conteúdo nas
discussões acadêmicas. Almeja-se que o presente estudo gere reflexões e
contribua para dar a visibilidade e atualidade a literatura do diferente quando
se propõe a apresentar um leitura analítica da obra “Escolhi ser albino”, de
Roberto Rillo Bíscaro. A metodologia qualitativa de cunho bibliográfico foi a
escolhida, já que buscamos realizar leituras e investigar conceitos a partir de
noções e teorias da linguagem literária, e a partir desse pressuposto envolver
a alteridade dos albinos no âmbito literário, os autores que contribuíram para
nossa pesquisa foram: Sébastien Joachin, Ferreira e Guimarães. Contudo,
conseguimos mostrar através do livro escrito pelo autor Roberto Rillo Bíscaro a
necessidade da inclusão do diferente no contexto literário, transmitindo a
importância do mesmo para auxiliar os professores a trabalhar com o que não é
comum na literatura, ou seja, sair da zona de conforto por parte de alguns
profissionais e ainda envolver a questão do respeito ao próximo e amenizar a
homogeneidade existente no próprio albino.
Trabalho completo em: