Decidi superar’, diz adolescente albino e deficiente
visual da Paraíba.
Ele
tinha vários motivos para ser introspectivo. Diz que sofre preconceito desde
que começou a frequentar lugares públicos, mas preferiu tomar outra decisão.
Davi Dias tem 17 anos, é albino e, por causa da anomalia, tem deficiência
visual. Atualmente, o jovem está no ensino médio regular e pratica três
esportes com os colegas do Instituto dos Cegos de Campina Grande.
O
adolescente mora no bairro do Santa Rosa com a mãe e mais três irmãos, mas
apenas ele é albino. “Cresci ouvindo piadas, tanto sobre o albinismo ou pela
deficiência visual”, diz. Davi começou a frequentar o instituto quando tinha 10
anos. Ele tem 10% da visão do olho direito e 20% no esquerdo.
“Foi
no Instituto dos Cegos que eu passei a enfrentar melhor essas coisas. Aqui se
faz um trabalho muito bom que incentiva os deficientes a fazerem atividades
como qualquer pessoa. Foi assim que eu decidi superar e viver minha vida. Às
vezes eu ainda fico triste com algumas coisas, mas sempre passa”, conta.
Davi
começou a estudar na entidade, onde aprendeu o braile. Quando chegou ao 6º ano,
ele foi encaminhado para o ensino regular na Escola Estadual Senador Argemiro
de Figueiredo, conhecido como Polivalente. “No colégio eu passei por muito
preconceito, sofri bullying, além de ser xingado muitas vezes”, lembra. O rapaz
diz que, apesar das campanhas de conscientização, esses casos ainda acontecem.
O
esporte foi uma válvula de escape para Davi. O adolescente pratica judô,
futebol de cinco e goalball, modalidade criada exclusivamente para pessoas com
deficiência visual, que consiste na marcação de gols do arremesso de bolas que
contém guizos dentro.
O
jovem foi vice-campeão no esporte nos últimos Jogos Brasileiros Escolares que
ocorreram em Natal, no Rio Grande do Norte, este ano. A equipe paraibana foi
formada por jogadores de Campina Grande e João Pessoa. “No futuro eu queria
participar de paraolimpíadas, representar não só a Paraíba, mas o Brasil. Não
custa nada sonhar, não é?”, brinca.
Sobre:
Instituto dos Cegos de Campina Grande,
Paraíba:
A
entidade campinense existe desde 1952, quando foi criada pelo professor José da
Mata Bonfim. Segundo a atual presidente, Adenise Queiroz, além das aulas
regulares e do braile, os alunos fazem aula de música, informática e atividades
diárias. “Nossa proposta é que o nosso aluno ganhe autonomia. Faça atividades
em casa, como arrumar a cama ou cozinhar”, explica.
O
instituto sobrevive de doações. De acordo com a direção, várias pessoas se propõe a ajudar, inclusive
se tornando sócios. A entidade ainda tem um setor de telemarketing e conta com
convênios com a prefeitura de Campina Grande, que cede professores da rede
municipal para dar aula no local.
Fonte: Associação de Deficientes e Familiares, (ASDEF)